segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ter um ataque de pânico é perder o controle.
cair em lágrimas, não segurar o sufoco que dentro de nós crescer, explode e nos reduz a menos de nada.
é não ter ninguém ao nosso lado para nos prender nos abraços e dizer que vai ficar tudo bem. é sentir que te abandonaram voluntária ou involuntariamente. é saberes que desiludiste alguém. é engolir uma distância de meio mundo de uma vez e deixar de saber respirar.
é difícil não ser nada e querer ser tudo.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Tenho cá pra mim esta mania de só desabafar quando sinto que tenho alguém para me ouvir
A maioria das pessoas não ouve. Está ali, até te responde, mas não te ouve, não te ouve verdadeiramente. E tão, tão doloroso quando sentes que te queres fazer ouvir e do outro lado tens apenas uma pessoa que está ali, apenas ali.
Cansa ter uma vida para partilhar e sentir que quem queremos que a receba não está completamente disposto a ouvir-nos. Não digo que as pessoas o fazem por mal, mas a verdade é que o fazem.
Ao longo da vida escolhi nunca partilhar os mais insignificantes pormenores da minha vida com ninguém, até ao dia....
...até ao dia em alguém levanta o véu que coloquei sobre mim, aquela protecção, aquela rede encharcada pelo medo da reacção das pessoas ao que sou. À insignificância mesquinha que sou.
Mal ou bem, cá me arranjei. E assim vamos vivendo.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Chega cá, chega perto.
Ofereço-te um manto de beijos.
Tapo-te os poros com saliva.
Persigo a tua pele com a língua (tão tua como minha).
Chega cá, chega perto.
Molda-te a mim.
Sente-me em ti.
Olha-me. Olha-me de perto. E beija-me.
Ama-me.
Chega cá, chega perto.
Rasga-me com o teu amor.
Entrega-me a tua força.
És meu. Tão meu.
Simplesmente. Meu.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Cada vez mais a possibilidade de abraçar a solidão no meio do caos se torna real.
A mente será sempre aquela que nos detém, que nos controla, e por muito que tentemos nunca vamos deter o poder sobre ela mais do que ela detém sobre nós.
Deito-me na cama e é inevitável. Esta sensação de aperto e vazio simultâneo cresce. Sinto-me só, vazia, esquecida. Por mais que tente, a ideia de saber que quem quero estar longe, dilacera-me, corrompe-me, rasga-me a alma, o ventre, a existência.
Há dias melhores e dias piores. E dias como o de hoje: terrível. O peso que carrego atrasa o sono e oferece-me de bandeja a insónia. Ideias, memórias, planeamentos de um futuro inatingível. A vida oferece-me todas estas torturas, todos estes pedaços de vida que me emprestam o tormento da mesmíssima conclusão de sempre: estou só.
Estou só, sou só. Por muito que tente, que espere, desespere, por mais que desejo ter a palma de uma mão que me afaga as costas e uma boca que num beijo me leia de A a Z. E tudo me doí. Tanto e tanto. E dói porque sei que os tenho, e que não os posso ter. Aqueles a quem quero bem, que me fazem bem, que me elevam.
Precisava de ti aqui hoje. Precisava de toda a atenção. Do teu abraço. Desculpa-me o egoísmo, mas há dias assim. E no final sou realmente egoísta, porque te quero só para mim.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

hoje descobri que és tal e qual o café. és amargo e um tanto banal. as tuas palavras correm do açúcar branco , para a cor negra do grão. consegues perseguir trinta e uma sensações, e fazer com que eu sinta as tuas palavras perseguirem o meu corpo. bebo um travo de café, tento que não me queime a língua, já tu, sempre me persuades com o teu olhar como se uma labareda te envolve-se num ténue acto. e sabes, quando bebo café saboreio aquele gosto amargo durante horas, e peço que ele permaneça lá bem no inicio da minha garganta, que me aqueça o coração. tal como tu, o café é um dos diários que me dá prazer prescrever diariamente.
(bem sei que gostas de café, eu cá prefiro-te a ti)

domingo, 22 de junho de 2014

Posso exportar a minha sinceridade?
Não me perguntem porque é que eu nunca foi do tipo de ter melhores amigas. Não me perguntem porque é que no passado nunca tive uma pessoa a quem confiasse cada pequeno segredo que pudesse correr-me no sangue. Não me perguntem porque é que prefiro estar calada a dar a minha opinião.
Cada vez mais, de dia para dia, aprendo que para ser um ser humano integro e minimamente aceitável preciso de estar calada e suprimir todo e qualquer ímpeto que me assalte.
Cada um pensa em si, cada um se centra no seu próprio umbigo. Faço um esforço desmesurado para não julgar, criticar, vitimizar qualquer tipo de pessoa. Mas isso não chega. Não devo usar a minha ironia, pois não encontro apetência que a descodifique, não posso expressar o meu gosto porque atingi sempre quem de mim tem um pedacinho de coração, não posso ser eu porque magoa.
A dor de alguém que me está perto dilacera-me como se de um tornado se tratasse. Se o que é meu (por direito ou afeição) está na lama da desgraça, a minha alma será o seu espelho. Se me expressar contribuir para o afogamento dessas mesmas pessoas a quem posso chamar céu, eu interiorizo. Afinal, não é algo que não esteja habituada a fazer.
Vai na volta e descubro que foi tecida para carregar a dor de fazer sofrer que amo. É a tortura eterna, mas eu aprendo, aprendo a estar calada. Continuo a fechar-me em copas como tenho vindo a fazer ao longo dos anos. Se pensar bem, não sou ninguém para impingir aos outros o som da minha voz e o peso das minhas palavras. As minhas palavras que a cada dia se revelam mais uma praga que um dom.
Eu retraio-me. A partir de hoje, prometo que me retraio. E juro. Juro que ninguém vai dar por isso porque o que os ouvidos não ouvem a alma não sente. Talvez o meu destino seja o de nunca me dar a conhecer.
Por mais que tente demonstrar que só quero o bem, mais o retorno me empurra para o fundo do poço. Talvez tenha de me habituar que a perfeição não é o que idealizo, o que procuro. O problema é meu. A aceitação é o primeiro passo para a cura. Já aceitei a dor que provoco, a partir de agora é aprender a suprimir as palavras, a guardá-las só para mim.

terça-feira, 17 de junho de 2014

e o que és tu senão a razão de eu ser? e o que são os teus beijos senão o manto dos meus lábios? que são as tuas palavras senão a labareda da minha alma?
A minha pele, hoje, reclama os anos que perdeu por não te conhecer. Confessa-me ela que és o rejuvenescer, o derrame abismal da sensação de ter. Quando vens, chegas com o vento floral do sorriso de um gigante, imensidão de frescura! Trazes o calor da alma nas palmas da mão, e no olhar, no olhar guardas janelas de um mundo que é teu (um dia nosso, sempre nosso). O poder que exerces sobre a podridão do meu ser é de tal modo agigantada que despertas em mim o desejo violento de te dilacerar, de te receber e guardar, de te sufocar, corromper, desassociar de tudo que é real, para assim sermos eternos. E quando vais, o desfalecer é porta certa a ser ultrapassada, e a solidão abraça-me na obscuridade mais uma vez.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O frio.
Armazená-lo e injectá-lo fria e cruamente no coração. Sem aviso prévio. Um baque instantâneo e deixar o peso que ninguém quer ter amarrado às suas pernas. Dissolvo os meus problemas em cada sorriso teu e tento, ó se tento! arranca-los pela raiz no lamacento que é o meu subconsciente. Esforço-me, e espeto uma faca no meu peito cada vez que falho. Cada vez que tenho de dar a conhecer uma fragilidade. E luto. Luto contra a vontade de te falar dos meus problemas que não interessam nem ao mais benevolente das santinhas. Mas por vezes,



...expludo.
As lágrimas são o meu caminho da tranquilidade. As palavras assumem o papel mãe e embalam-nos até ser noite, até não termos força, até que a vida volte a fazer sentido. Nesses lodos da vida, só espero a tua mão ao teu lado. O egoísmo toma posse de mim e quero a tua atenção como os esfomeados querem uma migalha de pão. Deixas-me sôfrega de atenção. E sim, vou ser brava. Vou mandar-te embora. Mas internamente, o desejo é o de que te tornes em letras e que me abraces no conforto do teu amor. Sempre lá para ti. Podes gritar, mandar-me embora. Ao teu lado é o meu porto seguro, e confia quando digo que se esse porto seguro estiver a desabar, darei as entranhas para voltares a recompor-te. Exporto em ti todos os paraísos possíveis e imagináveis.
Um porto seguro. No seu verdadeiro significado. A implementação de ti na vida. És o título do qual não vou abdicar. Escreve na isto tua alma e enche o coração de mim. Sempre tua.
Descobri hoje que sou tudo o que nunca quis ser.
Sou carente, dependente, doente. Sou o fruto da insanidade do pensamento, dos sentimentos.
Descobri hoje que procuro na escrita o que não encontro nas pessoas.
A confidencialidade, a falta de julgamento, sempre pronta a dar e não exigir receber.
As pessoas são complicadas. Eu sou complicada. Mais do que queria. Pudesse eu ser um correr de palavras e era feliz!
Eis o problema da triste raça humana: o pensamento.
Sempre pronto a massacrar, sempre pronto a pressionar. Sempre lá. Sem fugir. A remoer, a dilacerar, a endoidecer.
Como é terrível esperar de alguém uma reacção que nos faça bem!
O ser humano é assim ilude-se para depois cair por terra. Entrega-se para depois ser abandonado. Ama para depois ser destroçado.
Os homens deviam ser como as letras. Quietas, sossegadinhas, sempre prontas a estar perto de nós. Não pedem nada essa belas criaturas. Escondem-se. Não se importam de ser segundo plano. Podem ver que estamos mal, mas não saem dali. Permanecem ali esperando o momento certo de nos abraçar e de nos mostrar o quanto nos amam. Ténues bailarinas que abraçam a causa de equilibrar o ego humano. Como é possível não esquecer os homens e entregar-mo-nos ás letras?

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Bem, parece que voltei à blogosfera com a esperança de criar um ritmo saudável e principalmente para criar o meu próprio espaço de reflexão.
A realidade é que a minha necessidade de escrever revela-se nos momentos mais críticos em que a vontade de  fazer algo benéfico é zero e a de estourar com algum irritante bibelot é de 100 por cento ao quadrado. Mas é sempre nos maus momentos que nos lembramos do que nos faz realmente bem, do que nos falta. E eu, infelizmente, tenho sentido isso mais do que gostaria.
Estudar longe de casa não se revelou em nada o paraíso que eu esperar abraçar. De um momento para o outro todo o meu apoio encontrava-se longe e as paredes eram as únicas testemunhas do fracasso em que me reconheci ao entrar na universidade. Em dois segundos deixei de ter a comidinha da mamã, o mimo do pai, e a irritação de ter os dois seres abomináveis (sim, os meus irmãos)  para me acabarem com o resto da sanidade que restava nos santos miolos. Pior de tudo, deixei de ter o melhor amigo, o namorado, a única pessoa disposta a aturar as minhas crises, perto de mim.
Resumindo, o paraíso prestes a cair aos meus pés transformou-se num lamacento inferno que teimava em engolir cada centímetro na minha paciência.
No entanto, como sempre, há sempre dois lados a analisar e como em tudo, encontrei o lado bom e o lado mau. Tirei na vida uma das maiores ilações já atiradas ao quatro ventos: só dás valor quando sentes falta. E é incrível como em seis ou sete meses sinto ter amadurecido oito, nove anos. No fim de cada dia há sempre uma migalha que seja, a trazer à tona.