quinta-feira, 12 de junho de 2014

Descobri hoje que sou tudo o que nunca quis ser.
Sou carente, dependente, doente. Sou o fruto da insanidade do pensamento, dos sentimentos.
Descobri hoje que procuro na escrita o que não encontro nas pessoas.
A confidencialidade, a falta de julgamento, sempre pronta a dar e não exigir receber.
As pessoas são complicadas. Eu sou complicada. Mais do que queria. Pudesse eu ser um correr de palavras e era feliz!
Eis o problema da triste raça humana: o pensamento.
Sempre pronto a massacrar, sempre pronto a pressionar. Sempre lá. Sem fugir. A remoer, a dilacerar, a endoidecer.
Como é terrível esperar de alguém uma reacção que nos faça bem!
O ser humano é assim ilude-se para depois cair por terra. Entrega-se para depois ser abandonado. Ama para depois ser destroçado.
Os homens deviam ser como as letras. Quietas, sossegadinhas, sempre prontas a estar perto de nós. Não pedem nada essa belas criaturas. Escondem-se. Não se importam de ser segundo plano. Podem ver que estamos mal, mas não saem dali. Permanecem ali esperando o momento certo de nos abraçar e de nos mostrar o quanto nos amam. Ténues bailarinas que abraçam a causa de equilibrar o ego humano. Como é possível não esquecer os homens e entregar-mo-nos ás letras?

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